quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Saudades da minha avó...




Albina Beloti Campos - década de 80 - aproximadamente 47 anos...


Minha avó partiu em agosto de 2010 com 79 anos . No mês de outubro, em uma madrugada enquanto dava de mamar para minha caçula, senti um vazio tão grande, com tantas saudades, que comecei a chorar...
Chorei e chorei e chorei... como não consegui mais dormir, resolvi colocar no papel meus sentimentos (gozado... sempre nos momentos mais difíceis, eu procuro escrever...)

E hoje arrumando meu armário encontrei o manuscrito daquela madrugada, somente hoje tive coragem para ler de novo. Ainda dói muito. Não passa um dia que eu não pense nela...



'Outubro de 2010...

Entre uma mamada e outra de madrugada, me pego pensando na minha avó.
Nossa família está triste, com um vazio. Faz dois meses essa semana que ela nos deixou e tudo é insuportavelmente dolorido .

Minha mãe cuidou dela nos seus últimos anos de vida e estava mais perto, vivenciando seu dia a dia e acho que por isso está sofrendo muito, o que me deixa mais triste ainda: pela minha avó e pela minha mãe.

Minha avó se chamava Albina. Tinha um humor irônico, quase sarcástico, mas divertido, que nos fazia rir quando estavamos perto. Sempre tinha suas "tiradas"

Como a Duda está crescendo (já fez 5 anos), com ela ando relembrando muita coisa da minha infância...Lembro de cheiros, de brincadeiras, férias, bagunças e... casa da vó.

É impressionante como a memória da gente não trai. Quando você nem lembra o que comeu ontem no almoço, de repente surge na memória, depois de tanto tempo o cheiro da roupa de cama, do travesseiro de penas, do toque da colcha de piquê , de tudo que minha vó arrumava quando a gente ia dormir na casa dela, o que era muito frequente.

Lembro do cheiro do tempero de alho queimando na panela quando ela se preparava para fazer arroz, do gosto de queijo frito, das suas saídas para a feira, para os mercados pra procurar o que ía fazer de "mistura" da janta, momento em que seus filhos estariam em casa antes de ir pra escola, faculdade.

Lembro de dormir com minha prima Vivi na casa da vó. Nossas brincadeiras no quarto dela eram uma delícia abrir as gavetinhas da máquina de costura cheias de linhas, botões e retalhinhos de tecido que ela nos dava para brincar. Saudades de brincar no quintal, onde ela nos dava sobras de sabão para fingir que era comidinha...

Nunca esquecerei dessas sensações, dessas lembranças, de me sentir tão bem e segura, como se o tempo fosse parar naquele tempo e não precisássemos pensar no futuro.

E assim foi... o tempo foi passando, os filhos casando e os netos chegando. A idade também chegou.
Aquela mulher forte, com um humor negro hilariante, já não mais existia. Já mais doente evitava ir vê-la. Acho que era uma fuga, pois era triste demais ver que aquela mulher da minha infância já não mais existia.

Sinto remorso por não tê-la visto tanto, por não ter dito a ela o quanto ela era importante na minha vida e o quanto a amava. Nossa família nunca teve o hábito de dizer "te amo", de carinhos, de abraços, e isso é muito errado.

Por um momento consigo me sentir privilegiada, pois como neta mais velha, conheci uma Albina que os netos mais novos não conheceram.

Sei que era inevitável e que todos vamos partir um dia, mas lamento muito que tenha sido assim, com dor, com sofrimento. Acho que a vida é muito cruel. Poderia ter sido mais simples, mais sereno... Acho que é o desejo de todos nós...Mas quem entende essa vida???

Pais e avós deveriam ser eternos, se não o são em vida, pelo menos são em nossas lembranças...'



Últimas fotos com minha vó... saudades...
:(



"Abraça bem apertado para o abraço nunca acabar...
Abraça com carinho para eternizar...
Abraça tua família e peça a Deus para ninguém faltar...
Abraça mesmo com teu coração desolado e perdido. Vai te ajudar a superar...
Abraça tua mãe que ela vai melhorar...
Abraça uma foto quando quiser relembrar...
Abraça tua família que com ela você pode contar... "


Celma Manieri

3 comentários:

  1. Oi Má, só hoje tive a oportunidade de ler isso, me emocionei tanto, tô com um nó na garganta e um aperto no peito, como sinto saudades da nossa avó ... TE AMO !!! Vivi

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  2. Eu já li e reli isso várias vezes... em diferentes épocas e hoje de novo, um ano e quase cinco meses após sua partida. Domingo próximo seria o aniversário de 80 anos dela e eu não consigo parar de pensar que ela poderia estar aqui... que faríamos uma festa... todos juntos... Que saudade da minha mãe! Que falta ela me faz! Às vezes sentimos tanto a falta de alguém... que bom seria se pudéssemos tirar essa pessoa de nossos pensamentos e abraçá-la de novo.

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  3. É difícil... ainda mais para os filhos... Tem dia que acordo e sinto nitidamente a presença dela... Não consigo sentir que ela já não está aqui. Sinto sua presença e as vezes escuto sua voz... Como pode??? Quando sonho com ela, ela está sempre nova nos sonhos e sempre bem, alegre, saudável...é assim que imagino que ela está agora... mas eu sei... a saudade dói, enlouquece...

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